Sozinho na multidão

Não sei se só eu sou assim, só que assim sou pois na grandeza da multidão que me envolve sinto uma brisa fria soar pelo meu coração, no aparato de glória, nos apertos de mãos, nos abraços mais sufocantes, e no sorriso mais aberto aqui estou, eu, escondendo o meu rosto para que Cristo aparecça.

Tento negligenciar minha vida, mas ela não me deixa; o enfado sufoca minhas alegrias; as minhas alegrias me trazem tristeza; a minha tristeza me traz esperança; mas a esperança não para de esperar, pois é esperançosa; na esperança tenho um brilho nos meus olhos; na tristeza meus olhos encontram o Brilho.

Ai que tamanha dor; ânsia para compartilhar meus sentimentos; mas o servir não me deixa viver; pois não estou aqui pra falar de mim; mas daquEle que É e sempre será; meus semblante entristece; minha boca torna-se muda; caiu minha força;

Eu anseio por viver o eu; o eu anseia por viver em Cristo; meus pés não querem mais pisar em terra firme; ai quem me dera se fosse como as nuvens: Secas ou enxarcadas sempre estão por cima de toda carnalidade humana! Ai que concupsciência assassina! Prazerosa e mortal; Assim como uma prostituta: Te leva ao prazer, te leva à morrer! No enfado deste prazer venenoso; estou eu a lutar; Meus pensamenos marcam pontos contra mim; o meu eu se volta contra o eu; então saio a meditar e a trabalhar...

Mas quando penso encontrar um lugar para reclinar; a minha ciência me condena; o meu enfado quer me dominar; ai de mim óh Deus! venha me buscar! na batalha de sangue, logo após ser surrado surge um dilema, talvez o mais constrangedor: A vergonha da cruz! Surrado pela ciência agora me vejo sendo humilhado por quem chamo de Pai; que na vergonha da cruz me traz a fuga do "ai!"; mas quando acho que acabou então surge das trevas distantes aos meus olhos um; um com aparência de quem quer me destruir e vêm, e pisa nas minhas feridas, e assola o meu entendimento; óh Deus! Meus inimigos tentam me derrotar, vêm óh Altíssimo e me refrigera; aquece meu coração com sua labareda; refrigera minha alma com sua paz...

Mas ninguém pode carregar minha cruz; pois ela é minha, eu sou dela; Ninguém pode compreender minha cruz, ela é minha, eu sou dela; são muitos vizinhos mas poucos familiares; Comemos, sorrimos, diverti-mo-nos mas estamos sós no meio da multidão; só poderemos crer e esperar que essa solidão é passageira; pois o tempo de infância está acabando; e quando amadurecermos o noivo virá buscar-nos; para sairmos de nossa "parentela" e irmos morar na nossa própria família; não mais em tendas e cavernas mas em mansões celestiais repletas de Luz e Esplendor!!!!